Só
depois seria aplicado o lava louça antigo de pedra cavada, proveniente
de demolições sobre um armário normal, onde
antes só havia lambril de azulejo. E um outro, no antigo
recanto onde encaixa a máquina de lavar louça. Seguem-se
armários postiços que apenas escondem as sapatas que
seguram a estrutura da casa. De início, as cabeças
das pipas eram apenas decorativas, mas com algum engenho foi possível
criar os postiços de inox por trás - encaixados no
interior da sapata - com reservatórios de cerca de 15 litros
de vinho. Aproveitando a base das mesmas foi colocado um balcão
com louceiro por cima. Nada que se assemelhe à anterior garrafeira,
rodeada de incaracterísticos azulejos.
Partindo
de outro aproveitamento das sapatas, criou-se, novo balcão,
que inclui o lavatório. Antes, este era um pequeno rectângulo
que servia de apoio, por exemplo, a uma travessa de queijos e alguns
garrafões. As pedras agora colocadas neste lavatório
foram envelhecidas para lhes dar o ar rústico. Todas as torneiras
são antigas, adquiridas na feira da Ladra, tendo sido cuidadosamente
tratadas. Antigo é também o pormenor decorativo de
uma velha argola de segurar os arreios, ou a bica de uma pedra original.
Tanto o tijolo como o pavimento em tijoleira são de fabrico
artesanal.
A colocação
de dois arcos potência o aproveitamento, no sentido decorativo,
das vigas estruturais . Arcos esses forrados a tijolo-burro, apresentando
uma pedra de fecho criada para o efeito, depois de envelhecida.
Antes o conjunto formado por estas vigas era frio e esquelético.
Os tectos e as paredes foram rebocadas, tendo sido utilizadas argamassas
tradicionais à base de cal. Mas os barrotes não são
apenas decorativos, porque também escondem os fios da instalação
eléctrica, totalmente refeita.
Mantiveram-se as pequenas janelas
- ao nível do pavimento exterior - mas outras duas foram
rasgadas na parede de betão, mais à frente, para que
a adega ganhasse maior luminosidade. Uma chaminé típica
alentejana foi recriada com o seu cantinho para fazer o fogo, tendo
sido colocado no interior lajedo verdadeiro, de pedra antiga. Os
azulejos pintados à mão têm o antigo formato
14x14 e, embora recentes são de fabrico artesanal.
Para quem olhar de fora não
há qualquer indício de que exista uma adega para lá
de uma porta vulgar. Mas esta dá acesso a outra - uma típica
porta portuguesa - numa espécie de dupla entrada. Só
assim o cenário está completo.
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